Por que Escrever e Não Mostrar?
Para voltar a si mesmo e aprender quais as frases que se quer de verdade dizer, independente de qualquer público, reação, engrandecimento social. Para entender o que é criar como se não houvesse mais ninguém esperando. Esse é o maior exercício, que eu peno pra passar: permitir que o mundo só volte a existir no instante em que a história está pronta. Então sim os vivos, então sim os outros olhos. Engavetar para ser ao máximo e aos poucos mostrando, testando se você ainda agüenta manter o que é. Agüento?
Por que Escrever e Mostrar?
Se eu não quisesse um mínimo de leitores para as minhas narrativas, nem quefosse apenas eu mesmo mais envelhecido, lendo no futuro e gostando de me retomar, não escreveria numa linguagem compreensível. Picharia os meus sinais no caderno, desenharia bonecos de palito sem falas, porque eu já saberia as falas na minha cabeça e não cometeria a redundância de repeti-las no papel. Eu contaria a história a mim mesmo, sentado na varanda. Depois entraria para a sala com um sorriso de leitor, guardando a minha história numa estante de minhas memórias, que qualquer dia poderia simplesmente desvanecer e levar tudo o que carregava. E faria diferença a alguém se minhas histórias sumissem? Talvez não, mas eu não sei o que realmente faz diferença, que não seja comida, água e teto. Nós criamos coisas extras para tomarem corpo de importância, apenas criamos, até que elas verdadeiramente o tomam. Esse é o meu laço com a escrita: um dia eu defini que é esse um rumo, e não ri, não titubiei, não perguntei se podia - acreditei.
Quando eu escrevo, eu ponho representações próprias de realidade numa linguagem de todos e não mais na minha (e quando eu penso, eu quase não preciso dessas palavras. as palavras vêm sempre depois que o pensamento se forma), o que pressupõe que muitas outras pessoas podem codificar o que ali está dito, puxar essas representações para si e sentir um pouco de outra coisa que não são elas mesmas. Porque aí está um dos sentidos da literatura, e das artes enfim: fazer com que uma pessoa sinta como é ser outra, e nessa pulsação, nesse vislumbre do que existe e não é si, perca o fanatismo e a covardia de tiranizar, desprezar e assassinar. Nesse caso, até o que eu escrevo serve. Posso não ter uma verdade grandiosa, um futuro promissor, uma prosa que valha algum trocado, mas tento mostrar como é ser um outro alguém que sente.
Para voltar a si mesmo e aprender quais as frases que se quer de verdade dizer, independente de qualquer público, reação, engrandecimento social. Para entender o que é criar como se não houvesse mais ninguém esperando. Esse é o maior exercício, que eu peno pra passar: permitir que o mundo só volte a existir no instante em que a história está pronta. Então sim os vivos, então sim os outros olhos. Engavetar para ser ao máximo e aos poucos mostrando, testando se você ainda agüenta manter o que é. Agüento?
Por que Escrever e Mostrar?
Se eu não quisesse um mínimo de leitores para as minhas narrativas, nem quefosse apenas eu mesmo mais envelhecido, lendo no futuro e gostando de me retomar, não escreveria numa linguagem compreensível. Picharia os meus sinais no caderno, desenharia bonecos de palito sem falas, porque eu já saberia as falas na minha cabeça e não cometeria a redundância de repeti-las no papel. Eu contaria a história a mim mesmo, sentado na varanda. Depois entraria para a sala com um sorriso de leitor, guardando a minha história numa estante de minhas memórias, que qualquer dia poderia simplesmente desvanecer e levar tudo o que carregava. E faria diferença a alguém se minhas histórias sumissem? Talvez não, mas eu não sei o que realmente faz diferença, que não seja comida, água e teto. Nós criamos coisas extras para tomarem corpo de importância, apenas criamos, até que elas verdadeiramente o tomam. Esse é o meu laço com a escrita: um dia eu defini que é esse um rumo, e não ri, não titubiei, não perguntei se podia - acreditei.
Quando eu escrevo, eu ponho representações próprias de realidade numa linguagem de todos e não mais na minha (e quando eu penso, eu quase não preciso dessas palavras. as palavras vêm sempre depois que o pensamento se forma), o que pressupõe que muitas outras pessoas podem codificar o que ali está dito, puxar essas representações para si e sentir um pouco de outra coisa que não são elas mesmas. Porque aí está um dos sentidos da literatura, e das artes enfim: fazer com que uma pessoa sinta como é ser outra, e nessa pulsação, nesse vislumbre do que existe e não é si, perca o fanatismo e a covardia de tiranizar, desprezar e assassinar. Nesse caso, até o que eu escrevo serve. Posso não ter uma verdade grandiosa, um futuro promissor, uma prosa que valha algum trocado, mas tento mostrar como é ser um outro alguém que sente.
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