sábado, 6 de junho de 2009
Uma Breve Fala Sobre o que Aflige - II
Imagino um campo em que a grama seja tão vasta quanto o mar para um navegante. Mas em vez de uma superfície que se estende, há o mais tortuoso relevo, em que correr cansa e ficar parado desespera. Imagino que todos acordaram e descobriram a respiração ali. Imagino que um dia tenha sido eu. De tanto caminhar, encontrei um duende com a cor de tudo, que se não fosse por sua bata vermelha, haveria de se camuflar. Indago a ele: “Por onde ir?”. Ele responde que sabe bem. Se sabe, exijo que conte logo. “Mas é necessário me dar o que há de mais valioso”. Paro: “E o que é?”. O duende me fita. “Não se preocupe. Feche os olhos e eu o apanharei sem nem lhe tocar”. Até o momento eu não refletira de que possuía algo assim, minha única preocupação era achar o que fosse. Olho para mim e pergunto onde o que vale algo se instala. Nenhum pedaço da minha pele indica. Sei que se simplesmente o cedesse, não lhe sentiria a falta, já que o desconhecia de antemão. Aconteceria em um instante, sem pânico ou incômodo posterior. E ao fazê-lo, como tantos devem ter feito na dispensa de grandes culpas, ganharia a informação que enfim me levaria a um abrigo. Talvez a uma cidade onde haja todas as pessoas, que nunca vi, mas pareço conhecer. Entretanto, por abarcar que em algum espaço de mim há um grande valor, já me sinto na obrigação do seu zelo. Ter algo e cedê-lo sem antes encará-lo. O desconforto aparece, qual o reconhecimento da força. Não, é o próprio reconhecimento da força, mesmo que fundado no mistério. O duende me aguarda. Olho para o campo, aberto e talvez infinito. Seguiria por ele para ao menos guardar o que me compõe e tampouco sei o que é?
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Um comentário:
acho q vc eh um sacana egoísta. Só pq não quis dar ao duende oq ele queria e q vc nem sabia oq era, agora nunca vou saber a resposta dele.
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